Conversão de jovem ateu
para eremita no deserto
Charles
Eugene, Visconde de Foucauld, nasceu em Strasburgo (França), em 15 de setembro
de 1858, de família nobre. Perdeu sua mãe antes de alcançar seis anos de idade,
e depois perdeu seu pai: assim foi criado por seu avô, que era Coronel da
Reserva.
Ele
tinha um caráter duro, não tinha sossego e fervilhava de emoções. Ele mesmo
escreveu: "Passei doze anos inteiros sem fé alguma. Não acreditava mais em
Deus, visto que não havia prova científica da existência de Deus". No ano
de 1876 ele entrou para a escola militar, de onde foi expulso. Com 19 anos de
idade apresentou-se como voluntário ao exército e, enviado para o Saara, passou
a viver de modo agitado e des¬regrado. Foi expulso do exército por "falta
de disciplina e má conduta". Isso no ano de 1881.
Explorador no deserto
Assim decidiu ir como explorador para
Marrocos. Ele labutou e arriscou sua vida. Escreveu um livro científico sobre
suas explorações, o que lhe conferiu uma medalha pela Sociedade Geográfica de
Paris.
Lá
longe, ele tinha uma prima, Madame de Bondy, que rezava por ele, para que
começasse a pensar em sua alma e a mudar de vida. Ele ficou encantado, não
somente com a beleza do deserto, mas também sacudido :om a religiosidade do
povo muçulmano, o qual demonstrava grande veneração por Deus, vendo o povo
orando cinco vezes por dia. E certa vez eonfessou: "Esses oram cinco vezes
por dia e eu, nem religião tenho." Por isso partiu do fundo do coração a
primeira lástima e a primeira oração: "Ó Deus meu, se existes, faze que eu
chegue até conhecer".
A busca religiosa
Charles,
porque se dedicava às ciências, pensava que a fé se descobria por meio de
provas científicas, ou mediante argumentos racionais, ou perscrutando livros.
Ele mesmo admitiu: "Eu devassei os livros da filosofia paga e nada
encontrei, senão o vazio e o tédio. Depois, por acaso, veio às minhas mãos um
livro cristão (Êtudes sur les mysteres, do famoso pregador Bossuet) que me fora
entregue por minha prima Maria de Bondy, e nele encontrei a doçura e beleza que
jamais descobrira antes. Esse era o primeiro livro que consegui ler antes da minha
conversão, o que me mostrou que a religião cristã era a verdadeira!"
Atraído pela vida virtuosa
Ele
retornou para a França, e começou a ficar atraído pela vida da virtude. Ele
presenciava os exemplos de extraordinária santidade de sua prima Madame de
Bondy; porém ainda não tinha começado a crer em Deus, mas procurava freqüentar
a Igreja. Ele mesmo confessa: "Em princípios de outubro de 1886, senti a
necessidade de solidão, de recolhimento, de leitura devocional e
reflexão". Começava a sentir necessidade de freqüentar a Igreja, apesar de
ainda sem muita fé. "Minha mente estava confusa, e vivia em estado de uma
grande ansiedade: sempre buscando e buscando a verdade." Entretanto, ele
achava que a fé se descobria com o estudo ou pesquisando. Mas a fé é a submissão
da própria vontade a Deus. E isso era uma verdade ainda por ele desconhecida.
A reviravolta de sua vida
Sua
vida conheceu uma virada para melhor, quando de seu encontro com o Abbé
Huvelin, um sacerdote ancião, santo e sábio. Quando o viu, Charles sentiu em si
algo que lhe dizia: "É necessário abaixar a cabeça e crer. É necessário
crer". Começou a sentir-se mais atraído pela Igreja. Certa vez a sua prima
informou que Abbé Huvelin, por motivos de saúde, não ia continuar dando suas
palestras costumeiras. Charles respondeu: "Mas que pena! Estava decidido a
ir para sua conferência. Tu, prima, gozas do grande privilégio de gozar da luz;
enquanto eu, estou em busca dessa luz e não encontro".
Sua Conversão
O
autor R. Bazin, em sua biografia: Charles de Foucauld- eremita e explorador,
narra o encontro de Charles de Foucauld com o Abbé Huvelin. Entre os dias 27 e
30 de outubro, Abbé Huvelin viu aproximar-se dele um jovem, o qual não se
ajoelhou, mas esse jovem, um tanto cabisbaixo, disse ao sacerdote: "Senhor
padre, eu não tenho fé; vim para pedir que me desse algumas aulas." Abbé
Huvelin, que era especialista na direção espiritual, percebeu que aquele jovem
tinha necessidade, primeiramente, de mudança de comportamento, e lhe disse:
"Fica de joelhos, meu filho; agora confessa teus pecados a Deus, e terás
fé." Charles respondeu: "Mas não vim para isto." Abbé Huvelin:
"Meu fi¬lho, confessa teus pecados." Charles, que queria crer, sem
confessar, percebeu que a condição para poder crer era exatamente isso:
submeter-se e abaixar a cabeça perante Deus. Charles se ajoelhou e fez uma
confissão geral de toda sua vida.
Em
seguida, o Abbé perguntou ao penitente se estava em jejum (para a Eucaristia),
e à resposta afirmativa de Charles, o sacerdote disse: "Então vai receber a
comunhão." Charles de Foucauld foi direto ao altar, e, pela segunda vez na
vida, fez "sua primeira Comunhão", porque fazia anos que não a recebia.
Cada vez que lembrava daquele dia, Charles agradecia a Deus e lhe dizia:
"Foi bem naquele dia, ó meu Deus, que lançaste sobre mim teu olhar e me
inundaste com tuas graças".
Mudança radical
Dali
em diante, a vida de Charles mudou completamente. A graça de Deus fez nele
milagres espantosos. Ele tomou a decisão: "do momento em que comecei a
crer na existência de Deus, eu percebi que o único caminho que me restou era
dedicar minha vida inteira a Ele".
Desde
então, optou por uma vida muito simples, dormindo no chão e orando diariamente
durante muitas horas. Ele foi em peregrinação à Terra Santa, de novembro de
1888 até fevereiro de 1889. Em 16 de janeiro de 1890 entrou, com os monges
trapistas, no mosteiro de Notre Dame-des-Neiges. Em junho se transferiu para o
mosteiro de Akbes, Síria. De lá o enviaram a estudar em Roma, em outubro de
1896. Porém três meses mais tarde saiu dos trapistas; seus pensamentos estavam
voltados para os povos da África, que não conheciam Cristo. Foi a pé, como
peregrino à Terra Santa, e depois voltou para a França, para estudar para o sacerdócio.
Foi ordenado sacerdote em Viviers, em 9 de junho de 1901.
Morte na Arábia
Regressou
à Argélia e levou uma vida isolada do mundo, numa zona dos Tuaregues, mais
próxima da população. Aprendeu a língua tuaregue e estudou o léxico e
gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tinha a intenção
de criar uma nova ordem religiosa, o que suce¬deu apenas depois da sua morte:
os Irmãozinhos de Jesus. Foi assassinado por assaltantes, em Ia de dezembro de
1916. Ele, então, tinha 58 anos de idade, e foi morto por um disparo de fuzil,
em meio a uma revolta anti-francesa dos bérberes de Hogar, Argélia. Foi vítima
dos que diziam que sua bondade produzia sentimentos amistosos para com os
franceses.
Dez
congregações religiosas (masculinas e femininas) e oito associações de vida
espiritual surgiram inspiradas em seu testemunho e carisma, assumindo a missão
na Argélia, e em outras partes do mundo, inclusive no Brasil, em áreas de
pobreza.
Em
4 de março de 2003, a Arquidiocese de Milão reconheceu e enviou a Roma todos os
documentos referentes a uma cura milagrosa que tinha acontecido por intercessão
do Servo de Deus, Charles de Foucauld.
Essa
cura milagrosa do câncer, os médicos atestaram que não tinha acontecido por
intervenção médica. Charles de Foucauld foi beatificado pelo Papa Bento XVI, em
13 de novembro de 2005.
Alguns pensamentos seus
- Sobre o Evangelho: "Precisamos
retornar ao Evangelho; se não vivermos o Evangelho, Jesus não habita em
nós".
- A Proclamação do Evangelho:
"Precisamos difundir e proclamar o Evangelho dos telhados de nossa
vida".
- Jesus Cristo: "Sim, Jesus basta
para mim. Onde Ele está, não me falta nada".
- A Eucaristia: "Senhor meu Jesus,
Tu estás presente na Santa Eucaristia. Tu estás lá no tabernáculo, apenas três
pés longe de mim".
- O
maior Amigo: "Não se preocupe comigo porque vivo a sós, sem amigos. Não
estou sofrendo de solidão, ao contrário, amo a solidão. Tenho Jesus
Sacramentado, meu maior amigo, e com Ele converso noite e dia".
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