domingo, 12 de maio de 2013

Visconde de Foucauld -- Desculpe o atraso de um dia

Visconde de Foucauld
Conversão de jovem ateu para eremita no deserto
Charles Eugene, Visconde de Foucauld, nasceu em Strasburgo (França), em 15 de setembro de 1858, de família nobre. Perdeu sua mãe antes de alcançar seis anos de idade, e depois perdeu seu pai: assim foi criado por seu avô, que era Coronel da Reserva.
Ele tinha um caráter duro, não tinha sossego e fervilhava de emoções. Ele mesmo escreveu: "Passei doze anos inteiros sem fé alguma. Não acreditava mais em Deus, visto que não havia prova científica da existência de Deus". No ano de 1876 ele entrou para a escola militar, de onde foi expulso. Com 19 anos de idade apresentou-se como voluntário ao exército e, enviado para o Saara, passou a viver de modo agitado e des¬regrado. Foi expulso do exército por "falta de disciplina e má conduta". Isso no ano de 1881.
Explorador no deserto
Assim decidiu ir como explorador para Marrocos. Ele labutou e arriscou sua vida. Escreveu um livro científico sobre suas explorações, o que lhe conferiu uma medalha pela Sociedade Geográfica de Paris.
Lá longe, ele tinha uma prima, Madame de Bondy, que rezava por ele, para que começasse a pensar em sua alma e a mudar de vida. Ele ficou encantado, não somente com a beleza do deserto, mas também sacudido :om a religiosidade do povo muçulmano, o qual demonstrava grande veneração por Deus, vendo o povo orando cinco vezes por dia. E certa vez eonfessou: "Esses oram cinco vezes por dia e eu, nem religião tenho." Por isso partiu do fundo do coração a primeira lástima e a primeira oração: "Ó Deus meu, se existes, faze que eu chegue até conhecer".
A busca religiosa
Charles, porque se dedicava às ciências, pensava que a fé se descobria por meio de provas científicas, ou mediante argumentos racionais, ou perscrutando livros. Ele mesmo admitiu: "Eu devassei os livros da filosofia paga e nada encontrei, senão o vazio e o tédio. Depois, por acaso, veio às minhas mãos um livro cristão (Êtudes sur les mysteres, do famoso pregador Bossuet) que me fora entregue por minha prima Maria de Bondy, e nele encontrei a doçura e beleza que jamais descobrira antes. Esse era o primeiro livro que consegui ler antes da minha conversão, o que me mostrou que a religião cristã era a verdadeira!"
Atraído pela vida virtuosa
Ele retornou para a França, e começou a ficar atraído pela vida da virtude. Ele presenciava os exemplos de extraordinária santidade de sua prima Madame de Bondy; porém ainda não tinha começado a crer em Deus, mas procurava freqüentar a Igreja. Ele mesmo confessa: "Em princípios de outubro de 1886, senti a necessidade de solidão, de recolhimento, de leitura devocional e reflexão". Começava a sentir necessidade de freqüentar a Igreja, apesar de ainda sem muita fé. "Minha mente estava confusa, e vivia em estado de uma grande ansiedade: sempre buscando e buscando a verdade." Entretanto, ele achava que a fé se descobria com o estudo ou pesquisando. Mas a fé é a submissão da própria vontade a Deus. E isso era uma verdade ainda por ele desconhecida.
A reviravolta de sua vida
Sua vida conheceu uma virada para melhor, quando de seu encontro com o Abbé Huvelin, um sacerdote ancião, santo e sábio. Quando o viu, Charles sentiu em si algo que lhe dizia: "É necessário abaixar a cabeça e crer. É necessário crer". Começou a sentir-se mais atraído pela Igreja. Certa vez a sua prima informou que Abbé Huvelin, por motivos de saúde, não ia continuar dando suas palestras costumeiras. Charles respondeu: "Mas que pena! Estava decidido a ir para sua conferência. Tu, prima, gozas do grande privilégio de gozar da luz; enquanto eu, estou em busca dessa luz e não encontro".
Sua Conversão
O autor R. Bazin, em sua biografia: Charles de Foucauld- eremita e explorador, narra o encontro de Charles de Foucauld com o Abbé Huvelin. Entre os dias 27 e 30 de outubro, Abbé Huvelin viu aproximar-se dele um jovem, o qual não se ajoelhou, mas esse jovem, um tanto cabisbaixo, disse ao sacerdote: "Senhor padre, eu não tenho fé; vim para pedir que me desse algumas aulas." Abbé Huvelin, que era especialista na direção espiritual, percebeu que aquele jovem tinha necessidade, primeiramente, de mudança de comportamento, e lhe disse: "Fica de joelhos, meu filho; agora confessa teus pecados a Deus, e terás fé." Charles respondeu: "Mas não vim para isto." Abbé Huvelin: "Meu fi¬lho, confessa teus pecados." Charles, que queria crer, sem confessar, percebeu que a condição para poder crer era exatamente isso: submeter-se e abaixar a cabeça perante Deus. Charles se ajoelhou e fez uma confissão geral de toda sua vida.
Em seguida, o Abbé perguntou ao penitente se estava em jejum (para a Eucaristia), e à resposta afirmativa de Charles, o sacerdote disse: "Então vai receber a comunhão." Charles de Foucauld foi direto ao altar, e, pela segunda vez na vida, fez "sua primeira Comunhão", porque fazia anos que não a recebia. Cada vez que lembrava daquele dia, Charles agradecia a Deus e lhe dizia: "Foi bem naquele dia, ó meu Deus, que lançaste sobre mim teu olhar e me inundaste com tuas graças".
Mudança radical
Dali em diante, a vida de Charles mudou completamente. A graça de Deus fez nele milagres espantosos. Ele tomou a decisão: "do momento em que comecei a crer na existência de Deus, eu percebi que o único caminho que me restou era dedicar minha vida inteira a Ele".
Desde então, optou por uma vida muito simples, dormindo no chão e orando diariamente durante muitas horas. Ele foi em peregrinação à Terra Santa, de novembro de 1888 até fevereiro de 1889. Em 16 de janeiro de 1890 entrou, com os monges trapistas, no mosteiro de Notre Dame-des-Neiges. Em junho se transferiu para o mosteiro de Akbes, Síria. De lá o enviaram a estudar em Roma, em outubro de 1896. Porém três meses mais tarde saiu dos trapistas; seus pensamentos estavam voltados para os povos da África, que não conheciam Cristo. Foi a pé, como peregrino à Terra Santa, e depois voltou para a França, para estudar para o sacerdócio. Foi ordenado sacerdote em Viviers, em 9 de junho de 1901.
Morte na Arábia
Regressou à Argélia e levou uma vida isolada do mundo, numa zona dos Tuaregues, mais próxima da população. Aprendeu a língua tuaregue e estudou o léxico e gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tinha a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que suce¬deu apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus. Foi assassinado por assaltantes, em Ia de dezembro de 1916. Ele, então, tinha 58 anos de idade, e foi morto por um disparo de fuzil, em meio a uma revolta anti-francesa dos bérberes de Hogar, Argélia. Foi vítima dos que diziam que sua bondade produzia sentimentos amistosos para com os franceses.
Dez congregações religiosas (masculinas e femininas) e oito associações de vida espiritual surgiram inspiradas em seu testemunho e carisma, assumindo a missão na Argélia, e em outras partes do mundo, inclusive no Brasil, em áreas de pobreza.
Em 4 de março de 2003, a Arquidiocese de Milão reconheceu e enviou a Roma todos os documentos referentes a uma cura milagrosa que tinha acontecido por intercessão do Servo de Deus, Charles de Foucauld.
Essa cura milagrosa do câncer, os médicos atestaram que não tinha acontecido por intervenção médica. Charles de Foucauld foi beatificado pelo Papa Bento XVI, em 13 de novembro de 2005.
Alguns pensamentos seus
-           Sobre o Evangelho: "Precisamos retornar ao Evangelho; se não vivermos o Evangelho, Jesus não habita em nós".
-           A Proclamação do Evangelho: "Precisamos difundir e proclamar o Evangelho dos telhados de nossa vida".
-           Jesus Cristo: "Sim, Jesus basta para mim. Onde Ele está, não me falta nada".
-           A Eucaristia: "Senhor meu Jesus, Tu estás presente na Santa Eucaristia. Tu estás lá no tabernáculo, apenas três pés longe de mim".
-           O maior Amigo: "Não se preocupe comigo porque vivo a sós, sem amigos. Não estou sofrendo de solidão, ao contrário, amo a solidão. Tenho Jesus Sacramentado, meu maior amigo, e com Ele converso noite e dia".

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