FESTA DA COLHEITA

Mais de setecentas pessoas prestigiaram domingo 29 de maio a IV edição da Festa da Colheita, evento tradicional da Paróquia São João Batista em Açailândia. Nesse ano, a festa aconteceu no assentamento Nova Vitória, interior do município, reunindo representações numerosas dos vários assentamentos do P.A. Açaí e dos interiores da BR 222.
O bispo da diocese de Imperatriz, dom Gilberto, presidiu uma linda celebração eucarística, em ação de graça pelos frutos da terra e em defesa e promoção da agricultura familiar. Movimentos sociais e entidades como o MST, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos e a Casa Familiar Rural participaram ao lado das trinta comunidades eclesiais de base que compõem a Paróquia São João.
À presença do vice prefeito do Município, dom Gilberto frisou em sua homilia a importância de valorizar a luta das pessoas do campo e escutar suas reivindicações. Solicitou, também, as comunidades do campo a se organizarem, amarem sua terra e cultura, defenderem seus direitos, cobrarem e fiscalizarem os recursos destinados à agricultura familiar.
“Na vida comunitária nada é meu, tudo é nosso – ressaltou o bispo. Se não aprendemos a partilhar e se não insistirmos na defesa dos interesses de todos, não estamos vivendo o Evangelho”.
Na parte da tarde, as comunidades rurais alternaram-se numa sequência empolgante de apresentações culturais: Bumba Meu Boi, forró, a dança do lindor, teatros e místicas em resgate do valor sagrado da terra.
“A vida do campo pode ser dura e com menos oportunidade do que a cidade oferece, mas aqui estão nossas raízes e aqui podemos construir nosso futuro, se nos forem oferecidas oportunidades e condições suficientes” – explicou Zé da Leni, um dos assentados do P.A. Açai.
Pe. Pedro Carlos, que está vivendo nesse ano sua última Festa da Colheita, antes de regressar para Itália, concluiu: “Essas celebrações da vida e da cultura de nosso querido povo do campo nos dão ânimo e renovam a paixão pela causa dos pequenos. Frente a uma progressiva invasão do latifúndio e da monocultura do eucalipto, que estão voltando a concentrar a terra, a Igreja acompanha a agricultura familiar sabendo que isso pode garantir qualidade de vida para os pequenos e também os excluídos de hoje. Agradeço a Deus por isso e convido todos a continuar essa caminhada até a Romaria de setembro”.
A Romaria da Terra e das Águas, organizada pela Igreja Católica do Maranhão, concentrará em Açailândia, no próximo dia 10 de setembro, milhares de pessoas do estado inteiro, celebrando e reivindicando esses mesmos valores e o direito de todos/as a acessarem aos recursos naturais, para uma vida digna.