sexta-feira, 9 de abril de 2010

A diocese de Imperatriz recebe visita de delegação internacional debatendo modelo de desenvolvimento


Dom Gilberto recebeu nesta sexta-feira 9 de abril a Caravana dos Povos em visita a Açailândia.
O grupo é composto por delegados de comunidades atingidas pelo ciclo de mineração e siderurgia, vindo do Moçambique, Canadá, Chile, Peru, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Maranhão.
A Caravana, coordenada pela campanha Justiça nos Trilhos à qual a diocese de Imperatriz garante apoio e solidariedade, vem atravessando os territórios de Pará e Maranhão, onde o ciclo de mineração e siderurgia ligado à Vale provoca vários conflitos com as comunidades locais.
Ao longo da semana inteira, a caravana pôde escutar as reivindicações de comunidades expulsadas de suas terras sem que sejam para elas garantidas melhores condições de vida. Também testemunhou numerosos conflitos trabalhistas por parte de trabalhadores da Vale que se declaram lesionados e discriminados pela empresa.
Conheceu o inchaço de cidades que crescem a um ritmo insustentável pela promessa ambígua de desenvolvimento e trabalho dos grandes projetos de mineração e siderurgia. Tocou com mão o impacto ambiental da cadeia de mineração e o histórico de acidentes que afetaram as comunidades e os territórios.
Enfim, percebeu a contradição evidente entre o lucro desmedido da Vale e as permanentes condições de precariedade do povo do Pará e Maranhão.
Ao longo do itinerário, a delegação internacional e de outros estados do Brasil interagiu com as comunidades locais, demonstrando que os conflitos entre as comunidades e a empresa se repetem com muitas semelhanças em vários lugares do mundo.
Encontrar-se é ocasião para debater um modelo de desenvolvimento alternativo, que não se opõe às empresas, mas exige respeito para o povo e o meio ambiente, indenizações imediatas para as vítimas desse sistema e, no médio prazo, uma maior distribuição dos lucros de quem ganha escoando recursos que são de todos.

Em Açailândia, em particular, a Caravana encontrar-se-á com o povo na Câmara Municipal para um debate a respeito do atual modelo de desenvolvimento.
Escutará testemunhos a respeito do problema dos ‘meninos do trem’, crianças e adolescentes andarilhos pelo trem de minério ao longo do corredor de Carajás, colocando em perigo suas vidas e saúde. Conhecerá algumas vítimas dos numerosos atropelamentos do trem, nunca indenizadas, e discutirá a invasão da monocultura de eucalipto que tira terras à agricultura familiar.
Na parte da tarde conhecerá os conflitos abertos no assentamento Califórnia pela poluição dos quase 70 fornos industriais da Vale (sem filtros queimadores de fumaça) e no povoado de Piquiá de Baixo, pela poluição das siderúrgicas, em luta há anos para serem indenizados e deslocados numa região próxima, menos poluída e com melhores condições de moradia.
Um dos lemas que acompanha a Caravana refere-se à Vale e ao enorme enriquecimento dessa empresa: fica evidente aos olhos de todos que “O lucro é privado, o prejuízo é público”.

A Caravana continuará depois de Açailândia e unir-se-á a uma segunda caravana, no sistema sul da Vale (Minas Gerais), chegando a Rio de Janeiro para o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale.
Os povos buscam justiça e respeito para os trabalhadores, as comunidades e o meio ambiente. Sonham um progresso protagonizado pelas pessoas e não somente por empresas em busca da maximização do lucro.

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