quinta-feira, 6 de março de 2014

Até quando?

Ontem quando escrevia sobre o sentido da quaresma e a Campanha da Fraternidade, lembrava-me sobretudo das mais de duzentas famílias que residem no Piquiá de baixo, em Açailândia.
A situação destas famílias é emblemática para compreendermos a crueldade e a desumanidade do sistema capitalista e como o "espírito deste sistema", "espírito do capital" se faz presente nas vidas humanas e nas instituições que tentam conservá-lo.
É bom recordar que quando as empresas siderúrgicas chegaram ao Piquá de baixo,  famílias já habitavam ha anos neste local.
Eles chegam, se considerando donos, sem nunca terem sido convidados pela população, prometendo progresso e desenvolvimento, que na prática significa exclusão e morte para os pobres.
Quantas mortes, quantos acidentes, quantas pessoas estão doentes no piquiá de baixo, como consequência da grande poluição provocada pelo progresso dessas empresas? 
Decorridos anos, esta população vem lutando para amenizar o problema. Foram finalmente contagiados pela esperança de uma nova área para sua moradia. E até hoje, processos, prazos vão passando e as famílias continuam no mesmo lugar sendo alimentadas de toneladas de poluição, agora ainda mais agravante com o funcionamento de uma fábrica de cimento.
Até quando se deve esperar para que as instituições cumpram com sua responsabilidade?
 - As empresas siderúrgicas não fizeram a complementação do valor de indenização do terreno desapropriado (faltam cerca de R$-700.000,00. Em TAC assinado em maio de 2011 as empresas se comprometeram a fazer essa complementação uma vez que saísse a sentença definitiva de desapropriação)
- A prefeitura de Açailândia ainda não aprovou o projeto urbanístico-habitacional do reassentamento; o próprio Ministério Publico Estadual enviou uma notificação ressaltando o vencimento de todos os prazos.
- O Governo do Estado devia comunicar até o final de fevereiro o resultado de suas mediações em vista da complementação de dinheiro na construção do bairro (com a participação do SEPLAN e da Vale). Mas até agora não houve nenhum comunicado.
Até quando? Até quando? Até quando? estas famílias continuarão perdendo suas vidas numa área tão poluída? É este o progresso, desenvolvimento, que tanto apregoam? 
A Campanha da Fraternidade deste ano, vem nos confirmar, que o ser humano não é mercadoria. É vida que precisa ser respeitada em sua dignidade.

Dom Gilberto Pastana
Venha o teu reino.    

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